domingo, 20 de junho de 2010

Vermelho sangue

Dizem que um pinguim quando encontra sua parceira eles ficam juntos pra sempre. Nós seres humanos passamos a maior parte de nossas vidas procurando a pessoa certa, nossa alma gêmea. Tudo isso pra acabarmos com corações partidos, sonhos perdidos e iludidos da forma mais cruel.
Mais uma noite vazia, ela esperava o sol nascer. Sentada no chão da varanda vendo o céu clarear a medida que o sol ia se levantando no horizonte.
Era como se ela fosse um brinquedo de si mesma. Mais uma dose. Estava frio, suas mãos estavam tão geladas que não sentiam mais nada, dormentes.
Pensou em cada amor que desapareceu, acabou e levou um pouco dela. Parecia que não tinha mais nada sobrando dentro dela, como se estivesse oca. Não sobrou nada de bom dentro dela, era amarga. Outono atrás de outono o sorriso ia se esvaindo de seu rosto.
Seus olhos escondem uma tristeza tão profunda que poderia matá-la.
As unhas pintadas de preto se fecharam em seu braço, dor. Mal conseguia sentir, um grito se perdeu em sua garganta e uma lágrima caiu. Mordeu o lábio com tanta força que uma gota de sangue saiu, o vermelho do sangue e do batom se misturaram. Sentiu o gosto de ferro do sangue, passou o pulso pra limpar. Mais lágrimas.
O amor dói.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

"Você não me conhece e nunca vai me conhecer."

De repente, todos os sonhos desaparecem e você não sabe mais o que quer e nem o que fazer.
Ela sabia o que queria, tinha incontáveis sonhos e tinha certeza do que queria ser.
Não sabia em qual parte do caminho ela tinha ficado tão perdida, tão sozinha. Mas agora ela andava pelas ruas, no meio da multidão e se sentia tão perdida e sozinha que tinha vontade de sentar ali mesmo se abraçar e chorar.
Olhos vermelhos, cabelo bagunçado e hálito de bebida alcoólica. Mais um noite, mas seu coração sentia como se estivesse daquele jeito faziam dias. "Love is not a victory march." Ficou cantarolando essa parte da música. Era fantástico como ela se apaixonava e se machucava tão facilmente. Não mais.
Não sabia o que queria, vivendo em uma ilusão sem sonhos. Um dia se sentia ótima, tinha todas as certezas que queria. Mas era só acordar que tudo isso sumia, quem vale a pena? quem te merece? quem te ama? quem te quer? o que te faz feliz? por que é tão difícil encontrar alguém que te ame? QUEM, O QUÊ, POR QUÊ? Outro dia sem esperanças, de dor, de escuridão e mais uma noite sem sonhos.
Ela entrou em casa, tremendo pelo frio lá fora. A casa estava silenciosa e escura, estavam todos fora. Suspirou, tirou o tênis e foi andando até o quarto, acendeu a luz e apoiou a cabeça na parede. Fechou os olhos. Se assustou, "quem sou eu?".
Cada dia que passava, cada noite que se arrastava, a cada gole de bebida que queimava pela garganta. Ela se perdeu tentando se encontrar, ou na realidade se perdeu de propósito. Gostava de se perder com alguém, essa é a verdade. Fria verdade, pois magoava quem estivesse por perto. E não sentia culpa nenhuma. Após muito tempo, ela sentiu parte daquela facilidade para se apaixonar. Dois dias bastaram. Por que tinha sempre que complicar as coisas para si mesma? Se apaixonando por dois, pelo menos era isso que ela pensava. Pensou sobre como isso iria atingir as pessoas e chego a conclusão de que não se importava muito. Estava tudo tão errado, tão fodido que mais um erro não poderia estragar ainda mais...
Abriu os olhos, correu pro banheiro, se despiu e entrou no box e abriu a torneira. Uma água quente deslizou por cada curva de seu corpo até os pés. Alívio. Apagou as luzes do banheiro e sentou no chão. Se ela chorou, nem mesmo ela sabia. Esperou o pior passar e respirou fundo. "Tempo, você precisa de tempo." Resolveu que iria esperar pra ver quem valeria mais a pena, quem teria maiores chances de a fazer bem.
Blérg, sorriu maliciosamente. "Eu não sei quem eu sou, ou acho que não sei. Mas sei que dói menos assim." Além disso, os poucos amigos que ela realmente considerava estavam ali em algum lugar esperando para lembrá-la de quem realmente era.
Se você a viu por ai, ela é doce. Mas cuidado com o inferno que ela carrega.