segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Novos ventos.

Você não espera que certas coisas aconteçam com você. Você simplesmente ignora que esse tipo de coisa possa acontecer com você, tamanha é sua falta de sorte. Faz um pouco mais de uma semana que eu comecei a conversar com um garoto. Achei que fosse só mais um garoto qualquer, desses que você acha que vai conversar e no máximo acontecer de vocês ficarem e na pior das hipóteses ele ser escroto com você.
O fato é que eu não contava com uma intervenção completamente inesperada, que pra falar a verdade eu tinha dificuldade de acreditar que existia. Ainda mais eu gostando de uma outra pessoa. Como eu estava enganada, alguns dias conversando e só isso que precisou. Só tinha visto ele duas vezes no máximo e em uma delas até me interessei. Eu sempre olhava para os garotos que me interessavam com um olhar de predador, esperando pela sua presa. Mas depois de alguns dias, o olhar de predador se tornou um olhar indefeso, de rendição e esperança. Pra que negar o que estava tão óbvio? Eu abracei essa perspectiva, abracei essa oportunidade de ser feliz. Ora, o amor é imprevisível.
Eu estou tão feliz agora que simplesmente precisava escrever isso em algum lugar, eu nem acreditava mais que fosse possível isso acontecer. Algo tão grande, tão perfeito em tão pouco tempo. Claro que sim, é assustador. Só que isso não importa se ele estiver ao meu lado.

olhares do metrô.

Todo dia na cidade grande passam pelo metrô centenas e centenas de pessoas indo trabalhar, estudar ou outra coisa qualquer.
Num começo de noite, o trem esperando na plataforma. Uma garota de altura mediana, os cabelos balançando, com os olhos cheios de lágrimas evitando derrama-las desce as escadas correndo pra pegar o trem a tempo, passa pela roleta e desce outro lance de escadas e corre até o terceiro vagão. Entra correndo e a porta se fecha. Olha em volta, todos os assentos ocupados e anda até o meio do vagão onde encosta em um dos apoios de segurança, enquanto o trem ganha velocidade. Apóia as mãos nas coxas e baixa a cabeça respirando de forma desregulada, sentindo o coração aos poucos se acalmar da corrida. Uma lágrima caiu. Ela secou os olhos e se ajeitou, levantou a cabeça. Estava confusa, apesar da felicidade contagiante que preenchia cada parte do corpo dela, sentia vontade de chorar, doía...
No fundo do vagão um rapaz de olhos claros e boné, observava ela. Ela retribuiu o olhar curiosa e só parou de olhar quando ele desviou os olhos. Fechou os olhos com força, não queria estar ali. Abriu, mais uma vez ele a olhava. Ela segurou no apoio de lado e encarou ele. Durante uns 5 minutos ela ficou encarando, enquanto ele olhava e desviava o olhar rapidamente. Ela pendeu a cabeça para o lado e ele fez o mesmo com uma expressão divertida, os olhos dela fulminaram os dele. Então ela sorriu, ele sorriu de volta. Ao mesmo tempo que o trem parava em uma das estações, uma mulher se levantou e saiu. Ela andou como se fosse em direção a ele, mas se sentou no lugar vazio. Ele olhou meio desapontado e saiu. E mesmo então continuou a olha-la. Olhou insistentemente até o trem sair da plataforma e seguir viagem. Pequenos encontros, momentos curiosos que nos fazem pensar muito sobre eles sem nem ao menos significarem realmente alguma coisa. E se...
Ela encostou a cabeça no vidro achando graça do que tinha acabado de acontecer, fechou os olhos e cochilou.